quinta-feira, 25 de março de 2010

As Baratas suburbanas da rua 43.


Todas as noites Razu uma barata de casca bagunçada saia em busca de migalhas, dos canos escuros de tempos em tempos aparecia um pequeno banquete, de caroços mal comidos, nacos de carne mastigada e guloseimas regurgitadas por crianças e bêbados, Razu era um entre milhões de iguais que corriam um por cima um do outro e que devoravam verosmente tudo comestível. Ele observava como seus companheiros eram parecidos com ele, alguns eram esmagados impiedosamente por calçados sem alma outras perdiam a cabeça e vagavam consumidas pela inanição, ele sabia que nada que ele fizesse seria tão importante que perduraria algum tempo depois de sua morte, quanto tempo ele conseguiria ficar nessa devoração insana cruel e bem sucedida? Ao cair da noite a corrida começava e todos saiam de suas tocas, a tempo ele conhecia um cano que de vez enquando cuspia coisas interessantes umas comestíveis e outras não, nesta noite ao chegar avistou um pequeno pedaço de um material brilhantes, algumas baratas já tinham vasculhado por lá e não havia nada a ser devorado era apenas aquele pequeno material brilhante quadrado e áspero, por um instante Razu ficou paralisado observando aquele pedaço brilhante banhado por excrementos naquela noite ele não se alimentou e ficou como pajem cuidando do tesouro ignorado por seus companheiros, não tocou nenhuma pata no cinevazi que era o nome que Razu batizara seu quadrado brilhante, seria esse seu momento mais significante de sua vida? Que palavras dizer para um cinevazi? Por onde andaria lami a francesinha que conhecerá em um banquete de esgoto hospitalar? De onde vinham suas asas tortas e bagunçadas? Quanto dia ainda sentiria o cheiro de sabão de sua infância? Oque as baratas faziam de importante eram milhões esperando o dia do fim.............. continua ...