
Um desenho em preto e branco sem movimento ou respiração, acaba chamando a atenção de um olho desatento e cansado, que a muito não para e observa uma chegada ou uma partida, apenas nota que as pessoas, coisas e não-coisas desaparecem ou aparecem como em um sonho, ai entra o dúvida, um esforço angustiado de lembrar algo que já foi, ou ainda nunca conhecido nem contemplado, como se este singelo gesto cotidiano toma-se conta do único instante de pausa e admiração, mesmo o desenho vazio e instigante ou até a dilaceração de alguém ou não-alguém no asfalto empoeirado. Assim, poderia esse tal gesto, embalado por este tal desenho, inspirar a criação ritmada pela música da dilaceração asfaltica?
Nada irá superar o primeiro instante de admiração e nada pode ser mais verdadeiro que um momento repleto de instantes de contemplação ou não-contemplação.
Jamais serei,um mestre como Jean-yves Thibaudet e não terei uma coleção de instantes gloriosos de gestos cotidianos, pois um pianista começa sua música antes dos dedos tocarem as teclas, antes da última respiração de satisfação, começa quando o artista contempla seu destino e o destino da platéia que o assiste, pelo menos enquanto durar o timbre de sua última nota digerida pelo último espectador a sair da apresentação.
Tal qual o pianista, o ator busca instantes como estes, mas não busca a degustação deste fragmento de momento, busca sim uma sufocação de intenções e um embebedamento de conceitos e não-conceitos, aonde está a suavidade de um pianista que contempla antes de qualquer coisa seu próprio destino?
Não sabia que vc tinha um Blog. Tampouco sabia que vc sabia escrever. Gostei muito mas gosto mais ainda do que esta por vir. Um Bjo.
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