quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Morrer de samba de cachaçá e de folia..


No carnaval agora eu não vou mais me fantasiar, de todas as festas sobreviventes da época colonial o carnaval é a mais popular e maior festa de rua do pais, de uma guerra de água fezes e urina a magia das cabrochas. E ainda no longo capitulo de 2010 houve um carnaval acabado como máscaras arrancadas a força inescrupulosa da lei. Assim será nossa vida de uma tarde simples a uma noite com piratas, mascarados, pessoas pequeninas, jovens medíocres em suas roupas mais bonitas e todos embriagados pela melancolia sorrateira do carnaval fugindo de uma viatura que mais parecia um carro alegórico com policiais que em muito sonharam em ser oficias do topo da hierarquia. De todos os foliões em fuga e dos filhos sofridos da ditadura que tentaram bajular os miseráveis representantes da republica federativa do Brasil, apenas três permaneceram na mesma posição se embriagando de cachaça e lamuriando antigos sambas de machucar os corações, eles observavam os outros em fuga, essas três figuras seguem: um estrangeiro filho de uma ditadura cruel que carrega em s eu sorriso a alma de todos seus entes queridos mortos pela ignorância humana, que mesmo com todas essas cicatrizes consegue achar a cachaça mais amarga que a vida e fazer careta quando ela desce por sua garganta, um surfista que parece ter plasmado diretamente daqueles filmes de grandes ondas embebedado em sua fala fácil e olhar brilhante, que carrega com ele a sombra de uma idéia de malandro e se coloca como bicho feroz caçando a fêmea não importa qual e não importa quem até um dia que irá irromper em sangue como na opera do malandro e a terceira figura sentada na sarjeta máscarada com uma garrafa em um copo em sua frente, era ele pequeno poeta sem pose e de coração vazio, que de noite ama tudo aquilo que perturba seu sono e de dia dança entre sonhos e desespero, ele observava pelos orifícios correspondentes aos olhos aquela viatura que lentamente ia embora com seus medíocres condutores repetindo a palavra " circulando, circulando e circulando". Mas como poderia esses circularem se mal sabiam o que circular, o estrangeiro que circularia a sombra de seu passado, o surfista que em passos lentos circularia rodelas saborosas de maça pois jamais poderia ser de lingüiça e o poeta que circularia? Uma capacidade de ternura e o antigo respeito pela noite
E no fundo a grande promessa de não mais colorir a dor.

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