terça-feira, 17 de novembro de 2009
De onde vem o silêncio.
Eu gosto quando caminho a noite, a rua, os cheiros, alguns bêbados e sons de tudo que acontece, cada som no seu devido lugar como se essa grande orquestra boemia nunca errasse e nunca repetisse uma música se quer, o arauto anuncia da janela do 4ºandar balbuciando algumas palavras emboladas e logo chega toda sinfonia noturna constituída de barulhos, ruídos e rajadas. O som estridente de garotas semi-embriagadas conversando, os carros que aceleram loucos para chegar em lugar nenhum, a velha senhora que arrasta suas chinelas grandes com suas pernas cansadas nas sobras de lixo, o Tintin dos brindes sem sentido e sem verdade nenhuma, o sussurro das promessas feitas nunca cumpridas e nunca lembradas,a sopa de palavras e vinhetas das televisões ligadas e esquecidas nas paredes, clamar piedoso dos mendigos e guardadores de carros que suavemente entram em sua mente e ali acompanham para sempre seus pensamentos, por sorte as vezes ouço um radio-relógio tocando e executando sua tarefa programada, cada um no seu tempo e momento um caos perfeito, todas essas pequenas musicas se misturam e formam essa sinfônica caótica. De improviso como se fosse um tímido Jazz, arrisco algumas passadas mais pesadas, ou, piso em folhas e plásticos, não arrisco a voz, uma respirada fundo nos pequenos instantes de silêncio e o máximo de oralidade que tento.
Cada noite uma música diferente soa em meus ouvidos, o dia e aquele instante vazio no qual uma música muda para outra em um disco, não importa o que aconteça, há sempre música tocada por humanos animais natureza e artifício, que sem saber constroem a trilha sonora de pensamentos infindos de todos que passam que ficam ou que nada fazem. Se pudesse escolher um nome para o disco seria " sdhfjabsahbvabasdbasvasihv"
De onde vem o silêncio
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Daqui para o futuro
No tempo em que comer formigas era o máximo de monstruoso que podia me asssemelhar, toda criança pura vai perdendo lentamente sua infância com pequenas mentiras contadas as vezes para ninguém, eu lembro como ficava fingindo que não pensava, ficava parado paralisado, como se imóvel me afastasse de todos os pensamentos, ainda guardo em minha mente o rosto das pessoas carregando sorrisos de um lado para o outro, tão simples e profunda a suave angustia infantil, um desalento doce que vai tirando lascas da infância e repondo os furos com segredos. Os pensamentos vagam entre pequenas culpas que provocam as vezes um riso e as vezes um pranto.Quando pequeno e franzino imaginava se ia morrer queimado ou afogado, como era quieto o sossego enquanto pensava como morreria e como hoje é bem mais fácil ser um monstro como é mais medonho esse sonho infinito de como irei morrer, todo pensamento vem com um pouco de saudade e todo desalento já não tem tanta suavidade. E mais tarde quando essa reflexão se tornar antiga quanto mais patético serei e quanto mais sem forma serão meus pensamentos?
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