domingo, 18 de julho de 2010

A morte prematura de Anabela


Não havia dúvida, ela estava a poucos mais de um metro de distância e ele de súbito se pós a falar, palavras desencontradas que mais pareciam fragmentos de pensamentos sem uma organização lógica, que não tinham força para atravessar este espaço já preenchido por outras inquietações, outros desejos e outras lembranças.E neste esforço sobre-humano ele encontrou uma indiferença que trucidou qualquer resquício de esperança que supria a vontade de fugir desta ausência. Agora sim ele estava certo em suas observações. Anabela havia morrido já a algum tempo, seu pequeno corpo escorria de seus pensamentos e lhe escapava pelos dedos, apavorado agora ele tinha medo deste espectro envolto por todas as lembranças. Anabela vitima de uma corrosiva incompreensão, vitimada pelo acaso, por erros e pela perversidade da juventude; onde estará seu pequeno e imaginário corpo?
Dentro do mais completo recesso a observa, sabe que longe dela ele é um ambulante que vaga pelos máximos perigos de seus pensamentos, de longos momentos de pequenas preces, sabe também que suas lembranças estão encarceradas em sua cabeça e que sempre voltam.

Carta restante de Osvaldo filho do sapateiro

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