sábado, 28 de agosto de 2010

Essa tal gravidade absoluta (Vomitus cruentus)


Hoje ele acordou mais pesado do que qualquer objeto dentro de seu quarto, nada se move, essa gravidade derrete sua pele deixando sua ossada seminua, um grumo louco toma conta de seus pensamentos que estão ancorados por essa força prestamista, logo hoje que parecia tão bem disposto de súbito essa força puxou sua cabeça para baixo, comprimiu suas articulações de tal maneira que seus movimentos são como antigas portas de ferro, a cada hora que passa essa calma desesperada torna-se uma incapacidade que se alimenta dessa gravidade absoluta, em meio a essa força retornam pensamentos que pareciam estar decompostos e dos quais só restavam cinzas impiedosas. Nesse quarto humilde a gravidade molesta a carne e estreita o esqueleto, acaba com qualquer instante de esquecimento, com qualquer sonho trágico de criança, mantém todos os artigos de farmácia distantes e aqui vai permanecer. Quem diria? Logo ele que nunca teve medo de altura agora se assusta com medo da força que lhe mantém deitado e tem medo que seja tarde para acabar com toda náusea da vida cotidiana, com todo mistério de sonhos confusos e tarde para entender a rotação lenta da terra. Todas inaudíveis palavras já foram ditas, sabe que não será lembrado e que não haverá nenhum verso, nenhum caminho curto entre dois pontos, ou até mesmo uma pequena prece em uma noite de domingo; se essa gravidade absoluta lhe roubou as palavras tornando sua mente cruel e simples lhe resta apenas esconder todos os destroços e continuar como uma pequena massa comprimida em um buraco negro. E a todos que se preocupam com minhas palavras; tranqüilos....sempre falando baixo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Colapso


Esperamos um amigo, uma conexão melhor, novas notícias, não ficar doente, andar por uma casa grande, uma noite parada, uma vida complexa, uma rotina detalhada, um grito na cara, observar um desastre, não ter uma diminuição repentina das funções vitais, que as pontes cumpram seus deveres sem falhas nas estruturas, que microondas não explodam em pedaços radioativos, nunca se esquecer de trancar as portas, de telefonar se necessário, manter uma boa distância de confusões, escolher caminhos mais iluminados, caminhar por lugares conhecidos, nunca abrir a porta para estranhos, olhar para os dois lados antes de cruzar a rua, perder algumas chances, aproveitar outras, afastar-se de qualquer hipótese de dilaceração, terapias eficazes, forcas que suportem o peso, gasolina aprovada, pequenas fantasias depravadas, roupas anti-corrosivas, gelo pronto em cinco minutos, nunca esvaziar nossa mente, sentir pena, raiva , ódio, vontade, beber pouco, cavar uma boa trincheira, participar pelo menos de um picnic, definir uma noite como especial mesmo que ela não tenha acontecido, definhar no final, um pouco de dignidade, cabeleireiros mudos, unhas que cresçam regularmente, não participar de uma exumação, proteger crianças, perdoar velhos, santificar mortos, manter contas em dia, cuspir apenas quando estiver sozinho, nunca assoprar castelos de cartas, nunca ficar sozinho mais de doze horas seguidas, seguir, nunca ser seguido, evitar medicamentos vencidos, não tocar em corrimãos, ser recompensados, usar cola atóxica, não ser mutilado por facínoras, nem decapitado por mendigos infectados, contar o tempo meticulosamente, não ficar cego, não ficar longe de espelhos, evitar mostrar erupções cutâneas, tomar chá, verde, preto, amarelo, vermelho e transparente, cuidar da memória, evitar a loucura, a insanidade mental das crianças, beber água filtrada, colidir com poucos deformados, arrasados, dormir cedo, evitar pensamentos noturnos, criar expectativas, enterrar expectativas, criar monstros, aprisionar fetos em recipientes desinfetados, esquecer de toda placenta viscosa que um dia nos envolveu, usar palavras amáveis, não colocar a mão em arames enferrujados, inventar uma cor para cada som da palavra falada, cérebro intacto, memória sana, inventar lapsos, rir de medo do caos, pisotear vísceras, ser os trombones de uma batalha estética, construir conceitos, emparedá-los também,criar línguas, executar movimentos leves e acordar no mais completo vazio de um colapso mental..............zratre camini, zivrer grabam, strone , pitrufi, ignot, prambuli, braka ztruca nida vertraz, cprona, zurutra ravraka jraletruvianda nipriki e reralazam jruvijrujricabrana zastrez.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Made in Krakówz


Piotr Ivanovich vive perambulando por todos os botequins, tabernas, cabarés e por outras casas que vendem a sua sincera companheira a VODKA, nessas suas aventuras boêmias ele convive e conhece as mais estranhas e interessantes figuras, empresários, operários, jogadores, bêbados, amantes, policiais, ladrões, intelectuais, alienados, senhoras, animais, deficientes, idosos, jovens, moribundos, esperançosos, desesperados, loucos, lúcidos, pais, patrões, filhos, ovelhas negras, brancas, azuis, rosas dentre outras exuberâncias que habitam a noite. Ele sempre gostou da noite, dos cheiros, das vozes que ecoam por todos os cantos, do silêncio encontrado na última gota de urina dos banheiros decadentes e encantadores de todos os bares por onde passou, sempre foi um ouvinte assíduo de todas as histórias e lamurias dos bêbados inveterados e dos bebedores iniciantes, desde muito pequeno Piotr Ivanovich gostou de escutar histórias, as mais curtas sempre lhe agradaram, durante sua infância escutou muitas destas pequenas histórias dentro de sua casa, sempre contadas por sua avó que além de professora de piano ainda era sua instrutora de artes, até no fim de sua vida com seu corpo tomado pelos espasmos e pelos calafrios ela ainda insistia em educá-lo contando seus pequenos contos, antes de dormir ele retomava com sua releitura dos fatos e dos relatos, mas para não acordar a todos representava com suas mãos os personagens, assim foi todo seu inicio de vida, escutando, registrando e transformando. Depois de muitos anos quando já era um jovem adulto ele já não distinguia o que era realidade e o que era fantasia em suas histórias recontadas, ele sentia como se tivesse participado de todas elas, se colocando ora em um personagem ora em outro, mas sempre como peça fundamental da trama, suas mãos ganharam tanta independência em suas transformações que Piotr tinha medo que um dia elas tomassem o controle e lhe estrangulasse durante a noite, chegando ao cumulo de dormir com elas vestidas por luvas para que não se irritassem e lhe fizessem algum mau, de todas as lembranças de seu passado ele só conhece histórias contadas, relatadas ou inventadas, todos os personagens agora são sua família, seus companheiros de bebidas, suas amantes, seus protetores e até mesmo porque não pequenos filhos; com sua mala de couro e seu chapéu esquisito ele transforma espeluncas em palácios e bodegas em templos, seu escritório e sua mente e suas coisas cabem em uma mala velha. Ele jamais existiria sem suas histórias e ele nunca deixa de escutar uma nova, quando alguém se coloca a contar uma história, ele arregala os olhos franzi a testa e presta atenção em todos os detalhes, nenhuma palavra escapa aos seus atentos ouvidos e nenhum gesto deixa de ser flagrado pelos seus aguçados olhos. Durante sua via-sacra ele ganha, acha, recolhe das ruas e compra ou troca pequenos objetos para ajudar a ilustrar suas histórias, o elenco é composto por mãos, o camarim sua mala de couro e o roteiro contos, fatos reais ou inventados, ou melhor..... Modificados.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um dia desses


Quando não espera o dia chegar e nem passar, não procura confusão, toma cuidado com tudo, lava as mãos com sabonetes especiais, toma chá, cerveja, banho, jeito, remédio digestivo, uma lavada, escutas musicas antigas e fica longe e perto de tudo. Assim foi o dia do fim do recesso, ele tinha que acabar e acabou, depois de remoer até o osso felizmente ele chegou ao fim. Tinha cinco moedas nas mãos, quatro douradas e uma prata, olho pra elas e fico pensando, para que elas foram usadas? Mas Hoje elas estão comigo e isso é único, eu, as moedas e o dia que não passa ou também pode não ter nada demais. Não dá mais pra voltar para este pequeno recesso, acordei não sentindo nada, as coisas devem ser assim de certa forma vazias, nada é tão grandioso, tão exuberante, tão sincero, divino, digno, ético, construtivo, desinteressado, maldoso, inspirador, mágico, pré-definido, especial, memorável ou até deplorável. AS coisas acabam, pessoas morrem e a gente esquece, mas antes de sermos atingidos por alguma doença ou bomba genética vamos aproveitando, coisas acontecem pessoas não... Encontros e desencontros, mas as cinco moedas são minhas, pelo menos agora ou até próximo vendedor de chicletes.

domingo, 1 de agosto de 2010

RECESSO



Durante esse meu recesso lembre-se de "martelos e bigornas" e diga alguma coisa ao pé da orelha.